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Um mundo de possibilidades

  • Writer: Rui Belo
    Rui Belo
  • May 9, 2023
  • 9 min read

Updated: Nov 23, 2023

Quais são as perspectivas do uso do 5G no varejo para os próximos anos?


Raquel Santos

Revista SuperHiper - fevereiro de 2023


Parece que foi ontem, mas já faz mais de um ano que o 5G - tecnologia de internet móvel - chegou por aqui. Desde novembro de 2021, quando ocorreu o leilão das principais faixas dessa nova ultraconectividade, nas frequências de 700 MHz, 2,3 GHZ e 3,5 GHz (o chamado 5G puro), houve a promessa de que as velocidades 100 vezes superiores às do 4G, com um tempo de latência (demora na resposta) 90% inferior, mais barata e com menos gasto de energia, traria uma revolução para os negócios.


Para o consumidor, a vantagem óbvia ligada a uma experiência de consumo mais eficiente. Para os varejistas, o crescimento da aplicação de Inteligência Artificial (IA) e da Internet das Coisas (IoT) para expandir oportunidades. Mas, como será que está tudo isso hoje? E quais são as perspectivas para os próximos anos?


Vamos começar pela abrangência. Mesmo ainda sem atingir bairros periféricos e distantes do centro, o 5G agora está presente em todas as capitais brasileiras. As últimas ativações foram feitas no final do mês passado: Belém (PA), Macapá (AP), Manaus (AM), Porto Velho (RO) e Rio Branco (AC). Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), com a região Norte, mais de 5 mil estações atendidas pela rede já estão em funcionamento. O número representa mais de 5% das mais de 90 mil estações de redes móveis espalhadas pelo nosso país. À primeira vista, pode até parecer pouco, mesmo porque o Ministério das Comunicações prevê que o plano de implantação do 5G, iniciado no país em julho deste ano, só termine em 2028. No entanto, como as capitais concentram 24% da população brasileira, teoricamente mais de 50 milhões de pessoas já podem desfrutar do acesso mais veloz à internet. Teoricamente mesmo, pelo menos por enquanto. É o quie acredita Claudir Segura, professor doutor da PUC – SP, na área de Processos Cognitivos em ambientes digitais, Design Digital e Inteligência Coletiva. “Existe um mundo de possibilidades, mas a tecnologia ainda está em estágio inicial e o Brasil não se resume a São Paulo, Rio de Janeiro ou Distrito Federal. Grande parte dos benefícios ainda não estão sendo usufruídos em sua totalidade, inclusive nestas capitais e isso, claro, inevitavelmente acontecerá a longo prazo. Estamos caminhando, mas temos muitas questões a resolver”, diz.


O professor reforça a necessidade da expansão da cobertura 5G por meio da instalação de mais antenas - e a maior parte delas alimentadas por fibras ópticas - e também o aumento de banda de internet para suprir as altas velocidades da rede e o potencial de interferência com outros sistemas de comunicação. “E tudo isso se faz através de investimento em infraestrutura e tecnologia. Porém, muitos se perguntam: vale a pena? Mas é só assim que teremos qualidade de transferência de dados e a tão esperada estabilidade oferecida pelo 5G”, comenta. Para Marina Ferreira, gerente da área de Pesquisa e Desenvolvimento da Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil, esse tipo de resistência ocorre por falta de conscientização. “Empresas de pequeno porte costumam acreditar que automação é somente para as grandes, e isso não é verdade. Para cada porte de empresa, há uma tecnologia de automação que pode impulsionar os negócios, trazendo benefícios e melhorando a gestão”, explica.


Outro ponto que Claudir Segura chama atenção e que chega até a passar batido nos debates sobre este tema, é o upgrade dos celulares. “Por conta de condições econômicas, muita gente também não terá acesso ao recurso por um bom tempo”, completa.


Lista de desejos


Barreiras existem, sim! Mas nem é preciso dizer que é grande a expectativa de melhor aproveitamento do 5G e de todas as aplicações que possam surgir ou se potencializar a partir dele. A boa notícia é que, com base no Índice de Automação publicado pela GS1 Brasil, o crescimento da adoção de tecnologias de automação tem sido positivo. Nos últimos 5 anos, esse número foi de 11%, com perspectiva de resultados superiores para 2023. “Isso deverá ocorrer por conta da evolução do uso dos códigos bidimensionais já adotados por diversos varejos brasileiros”, afirma Marina Ferreira. Apenas para lembrar, o QR CODE é um dos códigos bidimiensionais mais conhecidos. No entanto, quando o assunto é tecnologia, o atendimento omnichannel e o Metaverso é o que aparecem no topo da lista de desejos dos consumidores brasileiros como avanços a curto prazo. No último caso, o termo ficou ainda mais conhecido do público quando o Facebook divulgou, em 2021, a mudança do nome da “empresa-mãe” para Meta Platforms Inc.

Tratando-se de estratégias omnichannel, elas são responsáveis por melhorar a experiência e relacionamento com o cliente nos diferentes pontos de contato, tipo de e-commerce e canais de vendas. Segundo pesquisa realizada pela All iN e Social Miner, em parceria com a Opinion Box, 60% dos brasileiros passaram a consumir de forma híbrida nos últimos anos, utilizando o varejo online e físico. E um estudo divulgado pela Harvard Business Review confirma que 73% das pessoas combinam o ambiente físico e digital na hora da compra. Não à toa que, de acordo com o ranking 2022 das “300 Maiores Empresas do Varejo Brasileiro” - entre elas Carrefour, Assai, Magazine Luiza, Via e Americanas - desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), 2021 foi marcado pela digitalização acelerada do setor. E isso representou um crescimento de 13,2% dessas empresas, número superior à expansão de 12,6% registrada em plena pandemia, segundo o IBGE. Em termos de faturamento bruto foram R$ 892.426 bilhões, quase R$ 100 bilhões a mais do que o apresentado na edição anterior e a ampliação das vendas on-line chegou a 11% desse total. “Comprar on-line faz parte da nossa vida. Nesse ambiente, estamos em busca de conveniência, praticidade, descontos e oportunidades. Já nas lojas físicas queremos, antes de mais nada, um bom atendimento. Se esse contato não corresponder ou superar nossas expectativas, de nada adianta investir na melhor das tecnologias. Além disso, omnichannel não é só oferecer múltiplos canais de compra, mas também garantir que eles conversem bem entre si e que sejam integrados ”, lembra Claudir Segura.


O futuro é logo aqui!


Já com a consolidação do omnichannel em andamento, 2023/2024 prometem ser os anos do aperfeiçoamento de novos modelos de negócios, relacionamento econômico e meios de pagamento, mantendo a tecnologia como direcionadora de tendências para o e-commerce e competitividade do mercado. “Nisto, podemos incluir, sobretudo para os supermercados, a redução de tempo de espera no processo de compra por meio do processamento de transações mais rápidas e precisas; a melhora no gerenciamento da cadeia de suprimentos com o rastreamento e monitoramento em tempo real de estoque e remessas, permitindo respostas mais rápidas às mudanças de demanda; além da oferta de vivências mais personalizadas e imersivas aos clientes, como compras em realidade virtual e aumentada, o que pode agregar mais prazer à experiência de compra”, analisa Carlos Eduardo de Almeida, vice-presidente de Produtos, Inovação e Arquitetura da E-Dploy, empresa brasileira de tecnologia focada em soluções para gestão empresarial e fábrica de software.

A personalização é uma estratégia que aposta na exclusividade e na individualidade de cada consumidor, disponibilizando produtos, serviços ou experiências verdadeiramente impactantes em sua vida. O e-commerce, porém, já tem dado sinais de que não está mais apenas pensando em segmento, mas na personalização (produtos, conteúdo, navegação e atendimento) por usuário visitante, o que traz também o desafio de atualização das equipes técnicas para acompanhar essas tendências que são baseadas, sobretudo, no uso da Inteligência Artificial (IA).


Quanto à realidade virtual (VR) e aumentada (AR), para os especialistas, os consumidores poderão, por exemplo, explorar marcas e produtos a partir de suas próprias casas, sem precisar se dirigir às lojas físicas para experimentar novos produtos antes de realizar as compras. E o próximo passo dessa evolução é o Metaverso, ambiente virtual compartilhado em que essas duas tecnologias são combinadas para criar uma sensação de presença virtual.

De acordo com outra pesquisa da SBVC, 49% dos consumidores têm a intenção de usar o Metaverso para fazer compras e 51% comprariam mais on-line com o uso de plataformas imersivas. E embora 95% dos consumidores nunca tenham usado esse espaço, 70% deles gostariam de ingressar. Em relação aos supermercados, o Carrefour é um dos que anunciaram, em fevereiro deste ano, a compra de um terreno equivalente a 30 lojas no jogo The Sandbox, um dos maiores universos virtuais do Metaverso, criado em 2012. Através deste ambiente virtual, a rede construiu unidades para testar produtos e novas abordagens aos clientes.


Essa também tem sido a aposta do Wallmart, que começou a dar seus primeiros passos no Metaverso em setembro deste ano com duas experiências: o Walmart Land e Walmart’s Universe of Play, estreando na plataforma de jogos online Roblox, com mais de 52 milhões de usuários diários. Para isso, criou espaços virtuais que oferecem conteúdo interativo e de entretenimento exclusivos aos seus compradores, conectando-se principalmente ao seu público mais jovem. O Walmart Land entrega conteúdo de beleza, moda e estilo diretamente para sua comunidade glogal. Uma das experiências neste sentido é o Eletric Island, inspirado nos maiores festivais de música do mundo. Nela, usuários podem participar de desafios de dança e se aventurar em uma cabine de DJ. Enquanto isso, o Walmart Universe of Play (Universo de Brincar do Walmart), fornece brinquedos virtuais, incluindo jogos interativos com produtos e personagens famosos, além de aventuras virtuais onde se pode viajar pelo universo Walmart através de avatates com maior rapidez.

Mas, afinal, como entrar no Metaverso?

Como o Metaverso pode ser entendido como um lugar que pode ser acessado para viver experiências digitais, atualmente você pode fazer isso pelo seu computador ou celular mesmo. Ou, para ter uma experiência mais imversiva, por meio de um dispositivo de realidade virtual ou aumentada. Estamos falando de equipamentos como o óculos do Google e o Ray-Ban Stories. É claro que a aquisição desse material ainda é inviável para muita gente, sobretudo no Brasil por conta da incidência de impostos. Mas o aumento da produção por diferentes empresas promete baratear os custos com o desenvolvimento desse ambiente. E com tanto interesse, é capaz que não demore tanto! Um estudo da Bloomberg Intelligence indica que a aplicação do Metaverso poderá atingir a cifra de US$ 800 bilhões (cerca de R$ 4,5 trilhões) já em 2024.


Inteligência Artificial e Internet das Coisas


O uso de IA e IoT nos negócios também vem aumentando. Muitas empresas estão reconhecendo os benefícios potenciais do uso dessas tecnologias para automatizar processos, melhorar a tomada de decisões, coletar e analisar dados de aparelhos conectados para obter vantagem competitiva. “A expectativa é de que essa tendência continue a crescer à medida que a disponibilidade da tecnologia de IA seja aprimorada e o custo de sua implementação diminua”, afirma Carlos Eduardo, da E-Dploy. Hoje, ainda de acordo com a Pesquisa de Automação da GS1 Brasil, a IA já está presente em 1 a cada 10 empresas.


A IA no varejo, por exemplo, agiliza o trabalho de um gerente de loja, automatizando as atividades de back-office e usando a robótica para verificações de qualidade. O tempo economizado pode ser utilizado de forma eficaz para outra tarefa produtiva, facilitando vários processos. No caso do e-commerce, existem comandos que funcionam para detectar spam, excluir comentários falsos e recomendar produtos ou postagens para aumentar o envolvimento do consumidor.


Um case de sucesso é o do Carrefour em 2020. Através da aplicação de softwares para analisar os KPIs com mais facilidade e o desenvolvimento de serviços como a CARINA, uma espécie de assistente digital para o consumidor, as vendas do marketplace cresceram 61,7% comparadas ao mesmo período de 2019, representando 21,6% do GMV total no terceiro trimestre. O levantamento é da ESHOPPER, ferramenta comparativa de mercado, que analisa a jornada de compra online (desktop e mobile).


Nos últimos anos, também podemos falar do crescimento no uso de diversos dispositivos de IoT tanto na indústria quanto no comércio, a exemplo do controle eletrônico das atividades do varejo. A utilização de uma identificação única de produtos é o princípio desse processo, possibilitando a rastreabilidade interna dentro das lojas e, consequentemente, a redução de perdas. “Algumas aplicações de tecnologia que vem se desenvolvendo no mercado nacional é o self-checkout e pagamentos por meio de celular/aproximação. A combinação dessas novas tecnologias com a visualização remota das atividades do PDV, possibilita maior controle de processos e melhor gestão. Independemente de qualquer coisa, o fato é que um novo varejo está surgind e, tanto empresas quanto consumidores, precisarão de um tempo para se atualizar em questões de aparelhos e tecnologias compatíveis, mas já sabemos que os benefícios serão muitos. Agora, é aguardar para ver!”, finaliza Marina Ferreira.


Principais benefícios do 5G em um ano


A tecnologia ainda está em fase de implementação e os impactos serão sentidos ao longo do tempo. Contudo, alguns projetos-piloto realizados pela Anatel têm demonstrado que os benefícios do 5G são comprovados e irão modificar a forma como as empresas trabalham.


Os principais benefícios apontados pela Anatel são:


• Maior velocidade de upload/download, maior controle e confiabilidade

• Maior latência (ou seja, menor tempo de resposta)

• Possibilita o atendimento de um grande número de dispositivos IoT, com ampla cobertura e menor consumo de energia.

• Permitirá a adaptabilidade da rede, designando maiores bandas para maiores consumos. Por exemplo, podem demandar larguras de banda extremamente altas, enquanto aplicações como carros autônomos ou cirurgias assistidas demandarão latências extremamente baixas.


Experiência do Consumidor


Imagine a cena: dentro do próprio carrinho de compras, o cliente pode inserir todos os itens de que precisa, somar o valor total e pagar por eles, sem necessidade de pegar filas. Pois isso já é realidade na rede de supermercados Enxuto, no interior de São Paulo. O equipamento, inspirado nos carrinhos inteligentes lançados pela Amazon, nos Estados Unidos, foi desenvolvido em parceria com a Nextop e a Arius Sistemas.


A novidade ainda conta com cinco câmeras e a primeira balança móvel do Brasil, que monitoram o que é colocado e retirado de dentro do carrinho, garantindo a segurança e contribuindo com prevenção de perdas. Dentro da loja, os carrinhos possuem uma saída especial pela frente de caixa.


Agora, para conhecer um pouco sobre como Walmart tem trabalhado a experiência de compra no Metaverso, conforme trazemos nesta reportagem, basta apontar a câmera do celular para o QR Code ao lado. (colocar conforme a arte da página).


 
 
 

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